quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Crise americana e pacote de Bush

Esperei passar todo o quadro de crise e a primeira medida do governo Bush para comentar. Na minha opinião, o pacote de Bush é, inclusive, de maior relevância do que a própria crise em si.
Com relação a crise:
- É apenas consequência de uma bolha especulativa, como outra qualquer, associada ao ´´abandono`` de conceitos conservadores por parte dos bancos americanos ao crédito imobiliário. Houve excesso de confiança para um mercado que já apresentava certo quadro de saturação, onde muitos bancos (americanos e estrangeiros) apostaram. E o resultado foi desastroso: prejuízos bilionários do Citigroup, Bank of America, Merryll Lynch entre outros. Os maiores problemas de tal crise é o impacto sobre o crescimento econômico e o sistema de crédito, o baixo nível de boas expectativas quanto ao futuro e o agravamento do déficit fiscal americano.
- As bolsas de valores, logo após a divulgação dos resultados dos Bancos americanos e europeus, sofreram fortes desvalorizações, porém, estão se recuperando. Tais quedas foram consequência da crise de confiança e temores sobre o futuro, sem poder esquecer o ´´ganho especulativo``: ganharam durante o período de bonança e realizaram seus lucros no início da crise (grandes investidores). Em bolsas de valores, o que dita seu comportamento é: confiança, expectativas e ganhos de curto prazo.
- Acredito que haverá redução no crescimento da economia mundial, mas não será uma grande redução, tampouco uma grande tragédia (o FMI também acredita nisso). O crescimento dos emergentes (BRIC) deve reduzir, mas não muito. Os preços de commodities podem reduzir, devido á expectativas de menor crescimento; se houver uma redução expressiva no preço destes, o Brasil e a Índia poderão ´´sentir o baque`` em suas exportações, sendo obrigados a vender no mercado interno e auferir menores lucros e exportações.
Com relação ao Pacote Fiscal:
- Totalmente eleitoral e irresponsável. Para um governo que já possui um déficit de US$ 162 bilhões em 2007, um pacote de US$ 3,1 trilhões para o ano fiscal de 2009 poderá reprentar um déficit público recorde em 2008, de US$ 410 bilhões, ou seja, o déficit público vai aumentar em mais de 100% de 2007 para 2008 (números do jornal O Globo). Além disso, o pacote inclui mais verbas públicas para a Guerra no Iraque e Afeganistão, além de cheques para as famílias com determinado nível de renda, visando estimular o consumo, mas, na minha opnião, a economia americana não precisa de consumo, precisa de poupança! (isto causaria uma retração na economia, porém, poderia ter consequências positivas sobre expectativas de médio e longo prazo). Além disso, a crise imobiliária americana exige medidas de conservadorismo credíticio e responsabilidade, não de níveis de consumo maior. Os americanos, devido seus déficits público e comercial, terão que pagar uma indigesta dívida para chineses e japoneses (tais países, usam suas reservas e superávits para comprar títulos do Tesouro americano). Apesar do vencimento de longo prazo, já deveria haver alguma preocupação em gerar poupanças para incentivar o crescimento econômico e viabilizar o pagamento desta dívida; portanto, minha projeção para a economia americana: no curto prazo, conseguirá se manter; no médio prazo, poderá ocorrer algum abalo, mas nada extraordinário; porém, no longo prazo, o quadro é caótico.
-Para o bem dos EUA e do mundo, é bom que a eleição tenha como vencedor o partido Democrata, ou seja, Barack Obama ou Hillary Clinton.

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